sábado, 9 de abril de 2011

Desencanto!!!

Tenho consciência de que as pessoas são diferentes. O que não sabia que poderiam se tornar diferentes ao longo do tempo. Ter certeza de que pessoas tão próximas possam mudar comportamentos, ter atitudes até então "estranhas" fica difícil e até impossível de se lidar.

Muito triste após décadas de vida ter provas de que somente a família que constituí se preocupa comigo. Participa, compartilha, demonstra realmente o que vem ser o amor.

Viver com preocupação de ameaças, grosserias, violência, através de pressão e cobrança não faz o meu gênero de vida. É como um isolamento. Uma solidão tão profunda que é inexplicável, não existem palavras para definir esse sentimento.

Sempre considerei minha mãe amiga, não a melhor, mas amiga. Hoje ficou claro de que nunca me considerou um ser humano capaz. Muito provável que ela tenha razão, pois não me sinto capaz. Em algumas cenas de minha vida me considerou apenas uma jovem bonita pronta para casar. Talvez uma forma de ficar livre de mim...quem sabe! Ao menos é essa minha análise. Conseguiu em partes concretizar, pois casei e tive minha família, tal qual planejamos - eu e ele.

Na educação de meus filhos tentei ser mãe moderna e atualizada. Algumas falhas que considerei de meus pais, não repeti, apenas refleti. A minha "receita" foi melhor, tenho os melhores filhos que uma mãe sonha em ter.

Lembranças da infância: moramos com meus avós maternos (eu até meus 18 anos de idade). Casa grande principalmente a cozinha. Família italiana parece que pensa com a barriga! Em casa o idioma era o italiano, tanto que na segunda série precisei de aulas particulares de Português. Muitas palavras eu não sabia o significado.

Meu avô - senhor Lioni (apelido Maximiano) pessoa altiva que adorava a vida.

Minha avó - dona Thereza (apelido Olga) pessoa austera, aparentemente sempre brava.

Minha mãe - sua preocupação era com o trabalho fora de casa. Uma maneira que encontrou de ter desculpas para não aguentar os problemas das pessoas da casa. Claro, chegava a noite e cansada, ninguem teria o direito de incomodar.

Meu pai - pessoa distante, tímido, parecia sempre triste, aborrecido, mas rígido. Demonstrava muito ciúmes de minha mãe, com certa razão, pois ela era bonita, inteligente, falante, simpática e adorava contatos sociais. Por isso e mais aquilo...discutiam muito.

Estava até esquecendo...meu tio, irmão de minha mãe que morava tambem na casa. Tambem não é pra menos esse "esquecimento" ele e nada era quase o mesmo. Pouco fazia, geralmente a atenção era pela maldade que ficava em alta. Dificilmente não estava alcoolizado. E quando estava bem, comemoravam bebendo. Foi internado por diversas vezes, conseguia fugir das clínicas de recuperação. Voltava em casa mais furioso com todos nós, aí já viu, vergonha na certa e mais adrenalina para tentar conter o restante da família. Muitos e muitos problemas!

Minha irmã - tranquila demais da conta, aprontava e ninguem acreditava, a "culpa" era minha, afinal deve ser o carma de ser primeira filha.

Meu irmão - o protegido por todos, afinal único filho, neto e sobrinho homem. Toda família italiana prestigia esse lado machista de que o homem leva o nome da família à frente, aos herdeiros. Filha não, levaria o nome do esposo. Fazer...pensamento coletivo da época!

Hoje a única verdade é que tenho meus filhos como porto seguro. O restante de minha vida toda (mais de cinco décadas) posso jogar no lixo, nem terei tempo de reciclagem. Desencanto!!!